Tuesday 4 June 2013

desabafo. opinião. liberdade.

não gosto de injustiças.
não acredito em verdades absolutas,
não alinho em dualidades de critérios,
não defendo preconceitos que distinguem os "bons" dos "maus", venham de que lado for.

.disse.


(e senti-me melhor depois de o dizer*)

Thursday 10 January 2013

ivone

as pessoas gostavam de oferecer-te anjos.
entre nossa família-tribo brincávamos, crianças que sempre somos no natal, sobre quantos receberias nesse ano...
e sabes que, eu entendo quem o fazia. e fi-lo também. ofereci-te um anjo. porque os anjos, como tu agora, olham por quem lhes quer bem. porque os anjos, como tu até há tão pouco tempo, são donos de sorrisos intemporais, que nascem criança e permanecem meninos.
porque os anjos não morrem.
hoje viemos dizer-te adeus. viemos dizer-te até já.
adiamos quase sem notar esse momento, e partilhamos histórias de ti. e falamos entre nós de histórias outras, como se as partilhássemos também contigo. e aqui estás tu de facto, calada, quieta, talvez ainda a apalpar terreno nesse mundo onde agora estás, de onde nos não podes falar, mas de onde nos olharás sempre, para sempre, até que haja tempo de novo.
não nos enganemos: no fundo, no fundo, quem te conhece bem não pode deixar de sentir um brilhozinho escondido da dor, num canto do coração, quando pensa no reencontro por que tanto tempo esperaste. porque eu sei, e sabe mais gente, que a coca te recebe agora, de braços e sorrisos abertos.
claro que há quem nisso não acredite. a essas pessoas eu digo que fechem os olhos por um momento só e o imaginem, mesmo sem acreditar. verão que sorriem também.

mas isso não põe fim à saudade. que dói tanto, já... dói que se farta, ivone.
resta-nos por isso o consolo das lembranças, das memórias de ti.
no meio delas descubro num suave repente que... sabes...?
todos têm duas avós.
eu tive três.
e nem sabia.

como diz o bom povo irlandês, que visitaste há tão pouco,
"a morte deixa uma dor que ninguém sarará;
o amor deixa uma memória que ninguém roubará."

até já, ivone, minha prima, minha madrinha, minha quase-avó...
até outro tempo.
até outro lugar.